Um dos maiores impactos no universo jurídico foi o despertar para uma visão mais ampla e estratégica da profissão. Advogados e advogadas precisam se adaptar a uma realidade mais conectada, que exige eficiência e é orientada por dados: o Legal Ops. Essa mudança afeta prestadores de serviços jurídicos alternativos (ALSPs), escritórios de advocacia e departamentos jurídicos de diferentes maneiras. No livro "Legal Operations", Stephanie Corey e Connie Brenton falam sobre essa transformação, destacando a importância de uma abordagem integrada.
Diante deste cenário posto, como saber identificar o que você precisa de um projeto de Legal Design?
Legal Design após a hype
O mercado jurídico passou por um grande boom em 2018 com a chegada de metodologias de Design Gráfico e da Informação, que receberam o nome de Legal Design e Visual Law. Lembro que, na época, muita gente achava que o papel do design no universo jurídico era só deixar documentos mais bonitos e curtos. Essa visão limitada fez com que alguns pensassem que o design era apenas para tornar os documentos mais atraentes visualmente. Mas como Margaret Hagan explica em "Legal Design: Integrating Business, Design & Legal Thinking with Technology", o Legal Design vai muito além do visual e oferece soluções criativas para problemas complexos.
Design é muito mais abrangente que o aspecto visual em si. Design é muito mais parecido com o Legal Operations. Hoje isso pode ser percebido com uma simples pergunta e que pode ter inúmeras respostas: O que você espera de um projeto de Legal Design?
Para ter clareza na resposta, é preciso entender um pouco sobre “Pensamento Sistêmico”.
Pensamento Sistêmico, em resumo
Para entender o que você pode esperar de um projeto de Legal Design, é importante saber um pouco sobre "Pensamento Sistêmico". Pense no seu departamento jurídico ou escritório como uma máquina. Se você tira ou adiciona uma peça, todo o sistema pode ser afetado. O pensamento sistêmico ajuda a ver o todo e entender como mudanças em uma parte podem impactar o sistema inteiro. Peter Senge, em "The Fifth Discipline", fala bastante sobre como entender essas interconexões é fundamental para ver o quadro geral.
Desafios e soluções em Legal Design
Um dos maiores desafios em projetos de Legal Design é identificar e definir claramente a dor ou problema que se deseja resolver. Sem essa clareza, é fácil acabar com soluções superficiais que não atacam a raiz do problema. Por exemplo, se os colaboradores enfrentam dificuldades em aplicar políticas de compliance no dia a dia, a resposta imediata pode ser "Fazer um Legal Design na política" para torná-la mais compreensível. No entanto, o problema pode não estar apenas no formato do documento, mas também na forma como ele é comunicado, implementado ou entendido dentro da organização.
Para enfrentar esses desafios, é crucial iniciar o projeto com uma investigação detalhada e conversas abertas com todas as partes envolvidas. Isso pode incluir desde advogados e equipe administrativa até os próprios usuários finais, que são afetados pelas políticas e documentos. Essa abordagem ajuda a mapear os pontos de contato da política com os colaboradores, identificar lacunas de entendimento e avaliar areal aplicabilidade das soluções propostas.
Outro desafio comum é a falta de uma visão sistêmica. Muitas vezes, o foco está em resolver problemas pontuais sem considerar o impacto no sistema como um todo. Por exemplo, redesenhar uma política de compliance sem considerar como ela se encaixa no fluxo de trabalho geral ou como será comunicada e treinada pode levar a resultados insatisfatórios. O pensamento sistêmico, que considera o departamento jurídico ou escritório como uma máquina onde cada parte influencia o todo, é essencial para criar soluções eficazes e sustentáveis.
Além disso, a implementação de soluções de Legal Design frequentemente encontra resistência. Essa resistência pode vir de uma cultura organizacional avessa a mudanças ou de uma falta de compreensão dos benefícios potenciais. Para superar isso, é importante incluir fases de treinamento e comunicação clara, demonstrando como as novas soluções podem melhorar a eficiência e a clareza. Dados concretos sobre os benefícios, como maior compreensão de documentos ou redução de erros, podem ajudar a convencer os stakeholders.
Medir o impacto das soluções de Legal Design também é um componente crucial. Sem métricas claras e métodos de avaliação, é difícil saber se o projeto foi bem-sucedido. Isso inclui definir indicadores de sucesso desde o início, como a satisfação do cliente, a redução de erros ou a adesão a políticas internas. O livro "101 Design Methods" de Vijay Kumar oferece ferramentas valiosas para estruturar essa fase, ajudando a garantir que o projeto não só alcance seus objetivos, mas também forneça insights para melhorias contínuas.
Por fim, é importante que os projetos de Legal Design estejam integrados com outras iniciativas, como Legal Operations. A colaboração entre diferentes departamentos, como TI, RH e operações, é vital para garantir que as soluções sejam sustentáveis e alinhadas com os objetivos estratégicos da organização. Legal Ops e Legal Design devem trabalhar juntos para criar uma abordagem coesa e eficaz que vai além de melhorias superficiais, promovendo uma transformação real no ambiente jurídico.
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Imagem gerada por Inteligência Artificial.